O termo ‘Asperger’ não existe mais de acordo com a atualização da CID-11 em janeiro de 2022. A sindrome passou a ser enquadrada no Transtorno do Espectro Autista. (TEA)
Para quem não conhece a Sindrome de Asperger, ela era considerada quando o individuo tinha dificuldades na socialização sem apresentar atrasos na fala ou no desenvolvimento intelectual.
A grande maioria dos casos de “Asperger” na verdade se enquadram no nível 1 de suporte do autista! As principais caracteristicas desse nivel de suporte são:
- pouco ou nenhum atraso no desenvolvimento intelectual;
- pouca ou nenhuma dificuldade no desenvolvimento da fala;
Estes autistas podem apresentar problemas de interação social, associados à dificuldade para compreender e expressar emoções, assim como gestos, expressões faciais e demais aspectos da linguagem não verbal.
Alterações sensoriais podem fazer com que eles percebam cores, sons e cheiros de maneira mais intensa, levando a uma maior sensibilidade diante de ruídos e incômodo em situações de aglomeração. Assim como as demais condições de saúde mental, os transtornos do espectro do autismo apresentam diferentes nuances de uma pessoa para outra, o que pode adiar o diagnóstico.
Uma das principais características do transtorno do autismo associado anteriormente à Síndrome de Asperger é a interpretação literal do discurso e a dificuldade de compreensão das emoções.
“Nem sempre os autistas conseguem entender as próprias emoções e as emoções alheias. Há um pensamento rígido para isso, uma interpretação literal das coisas e dificuldade para entender metáforas, piadas e ironias. Isso dificulta um pouco a comunicação necessária para identificar as sutilezas da linguagem não verbal”.
Conversas que giram em torno de si mesmos ou de um determinado tópico e o foco exagerado em um assunto específico também são características associadas a esse espectro do autismo.
Existem interesses muito específicos e intensos, uma característica por se interessar por algo inusitado e ter um hiperfoco nisso. Alguns autistas realmente adoram ciência, astronomia, insetos e se aprofundam muito naquilo, ao ponto que, às vezes, esse hiperfoco vira uma habilidade.
Origem do nome – Asperger
A condição anteriormente descrita como Síndrome de Asperger fazia alusão ao médico austríaco Hans Asperger, que descreveu pela primeira vez a condição. Antes mesmo das alterações na Classificação Internacional de Doenças entrarem em vigência, já existiam discussões sobre a modificação no nome da condição clínica.
Um estudo, publicado no periódico Molecular Autism, em 2018, apontou que o médico teria colaborado com o regime nazista. Os documentos obtidos pelo pesquisador austríaco Herwig Czech apontam que Asperger legitimou políticas de higiene racial.
Segundo o artigo, Asperger conseguiu se acomodar ao regime nazista e foi recompensado por suas afirmações de lealdade com oportunidades de carreira. Embora não tenha feito parte do partido nazista, ele se juntou a várias organizações afiliadas ao NSDAP e legitimou publicamente políticas de higiene racial.
A análise foi realizada com base em uma ampla gama de publicações contemporâneas e documentos de arquivo inexplorados até então, incluindo os arquivos pessoais de Asperger e as avaliações clínicas que ele escreveu em seus pacientes.