Este texto é da Dra. Raquel Delmonde que é médica especialista em autismo, TDHA e demais transtornos do neurodesenvolvimento. Acho super importante a divulgação:
Muitas pessoas, incluindo alguns profissionais na área de saúde, afirmam que autistas não têm empatia.
Através da neurociência, podemos dizer que, muitos autistas percebem sim as emoções “do outro” de forma muito intensa.
Mas afinal, o que é empatia? ***Empatia é o conjunto de habilidades que nos permite compartilhar a experiência afetiva de outra pessoa (consciente de que é de outra pessoa, não a própria), e que molda as interações sociais. ***
Por muito tempo, falava-se em empatia cognitiva e empatia emocional, como se fossem fenômemos totalmente separados. Hoje sabemos que são contrutos distintos, que envolvem circuitos neurológicos diferentes, mas que se associam para processar informações importantes para esse processo como um todo.
A empatia Cognitiva abrange dois aspectos:
Tomada de perspectiva = Capacidade de reconhecer os estados mentais de outras pessoas (seus sentimentos, interesses, expectativas e intenções), e as inferências que fazemos com base em pistas de comunicação verbal e não verbal. Simulação = A “encenação metal” para prever como uma pessoa se sentiria em determinada situação. É a habilidade que usamos quando temos que dar uma notícia ruim para alguém, por exemplo, considerando como vai impactar seu estado mental.
A empatia Emocional é composta por:
Contágio emocional = Como nossa experiência afetiva é influenciada em ambientes de forte conotação emocional. Você pode ser completamente indiferente a esportes e ainda assim, vibrar muito e chorar de alegria assistindo uma final de Copa do Mundo com amigos.
Responsividade periférica = O envolvimento com sentimentos de sujeitos com os quais não temos nenhum tipo de relação, como personagens de filmes ou livros.
Responsividade proximal = O envolvimento com sentimentos das pessoas de quem gostamos.
Dada a quantidade de circuitos neurais envolvidas em todos esses aspectos, não chega a surpreender que a nossa bagagem de vida – ou seja, a soma das nossas vivências e conhecimentos – influencie como experimentamos a empatia.
Sentir de uma forma diferente não significa não sentir. Em autistas, há evidências de menor empatia cognitiva e, por outro lado, respostas muitas vezes aumentadas no que se referere à empatia emocional, em comparação aos neurotípicos.
Sensacional o texto